quarta-feira, 28 de junho de 2017

Solidão

Durante muitos anos, eu não sabia o que era ficar sozinha comigo mesma.

Sempre, sempre mesmo, precisava de alguém ao meu lado para tudo: ir ao supermercado, ao cinema, ao shopping, ao parque, a padaria. 

As coisas começaram a mudar quando tirei a carteira de motorista -que hoje nem sei aonde está- porque ai eu ia e voltava do trabalho sozinha, comecei a ir para alguns lugares sem ninguém. Porém ainda me incomodava essa questão de estar sozinha.

Hoje creio que seja algo cultural, que desde pequenos somos sempre muito assistidos e ai crescemos achando que para ser feliz ou ter momentos felizes precisamos estar acompanhado. 

Mas nunca considerando nossa própria pessoa uma boa companhia.

Em Londres, muita coisa mudou na minha vida, em mim. Quer dizer, começou um pouco antes, na Espanha. Ou eu ia sozinha ou não iria então aprendi, na raça, a ir mesmo sozinha. Descobri que era bom, aprendi aos poucos a gostar de estar só.

Aí lá em Londres, conheci uma pessoa aqui de Curitiba, inclusive, que ia ao cinema toda semana sozinha, ia ao museu, a um café tomar um café e ler um livro, tudo sozinha. Ouvir ela contando o que fazia me deixou surpresa no início ao mesmo tempo que me encantou. Fui perdendo meu medo e me dei conta que poderia ser feliz sozinha também, não era preciso sempre deixar a responsabilidade de ser feliz para o outo. 

Criar expectativa é um troço horroroso, faz um mal danado.

Agora preciso confessar que quando estamos/ somos sozinhos precisamos de muita disciplina. Digo isso porque é a quarta vez, acho, que o Nicolas viaja com o Paulo e eu fico sozinha e dessa vez acho que está sendo a pior em termos de alimentação e organização. 

Fiquei perdida com tanto tempo para mim, perdida com os horários, perdida e estou tentando me achar.

Estar sozinha é bom, ainda prefiro estar com a minha família completa, mas o silêncio matinal é precioso, faz cinco dias que não ligo a tv e nem estou sentindo falta.

Agora o engraçado é sair para comer e ver os olhares de estranhamento e quase de piedade das pessoas. É como se estar sozinho é estar abandono, triste, solitário.

Quanta coisa estou aprendendo nessas semanas.

Deu até tempo de escrever, olha que coisa boa.

Uma publicação compartilhada por Graziela Flor (@gra_flower) em



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