quinta-feira, 24 de setembro de 2015

O filme

Essa pergunta rondou minha cabeça por semanas, meses, anos.

"Que horas ela volta?"

Todo dia era igual e ela não voltava.
Esperava na porta da escola e ela não voltava.
A esperava foi dando lugar para o vazio e o vazio para o nada.
Esse foi o sentimento que ela conseguiu gerar dentro de mim: nada.
Nem ela aparecendo na sexta e desaparecendo no domingo mudava algo, 
não não mudava.
Nada vezes nada é nada.

É duro, é dolorido mas a gente se acostuma.

O sonho da casa própria falou mais alto,
a prioridade em terminar a faculdade falou mais alto.
tudo falou mais alto até mesmo quando o segundo filho (por acidente, de novo) surgiu, a prioridade era outra não dava para abrir mão de tudo para cuidar dos filhos.

Abrir mão de tudo é pedir demais.

******************

O filme do ano para mim até agora é "Que horas ela volta?".
Fui assistir sozinha e chorei, chorei muito, me identifiquei com várias partes e quando a Val toma a decisão final antes do desfecho do filme, lavei minha alma e chorei mais ainda.

Não vou contar muito mas para mim foi impactante, rolou uma identificação e só chorei mais do que o normal porque estava de TPM. Fico sensível e choro por tudo.

É um super filme (para mim) e mostra um recorte da nossa sociedade. As consequências dessa triste realidade já estamos colhendo: mães/ pais abandonando seus filhos, pessoas materialistas, cada vez mais jovens se drogando entre outras coisas. Mas ninguém quer ver, ninguém quer mudar, ninguém quer se responsabilizar.

Se puder assistir um único filme esse semestre, vá assistir "Que horas ela volta?" a atuação da Regina Casé tá demais. Lembro dessa mesma sensação quando assisti "Central do Brasil" com a Fernanda Montenegro.



sábado, 12 de setembro de 2015

Sobre o tempo e sobre sentimentos.

Ontem fez dois anos que voltamos de Londres.
Dois anos que deixei um pedacinho do meu coração naquele lugar lindo, maravilhoso e que me permitiu viver tantas alegrias mesmo com todas as dificuldades (que não foram poucas).

E ai eu *tontona* fiz uma postagem no facebook relembrando isso e dizendo que a "saudade não diminui só aumenta". Prá que? Me diz, prá que eu fui fazer isso?

Um pequeno parenteses aqui: cada vez mais tenho vontade de sair do facebook, cada vez entro menos e me envolvo menos em conversas, discussões e tals. Só não saio de vez porque adoro manter contato com os amigos, especialmente os que estão longe.

Fecha parenteses.

Recebi comentários agressivos "volta, tá fazendo o que aqui", "lá é muito melhor, te avisei"; mensagens dizendo para eu parar de publicar isso, que tenho que olhar para frente e não viver no passado e mais um monte de coisa.

Voltei no que eu escrevi, li, reli e não vi nada demais. Ai caiu minha ficha. Falei dos meus sentimentos verdadeiros não reproduzi a cena do comercial da margarida, da família feliz, de tudo perfeito.

Ai me dei conta que, talvez, para estar no facebook você precisa entender que lá é só imagem de "comercial da margarida" ou imagens lindas de gatinhos/ cachorrinhos/ passarinhos ou sei lá o que mais fofinho. Ou postagens sobre política, metendo o pau no governo claro, senão você vai ser chamado de "tonto, burro, idiota". Quem tenta escrever algo diferente ou mais sério é automaticamente crucificado, chamado de "ecochato, xiita, radical" e por ai vai.

Lembrei também que setembro é o mês de prevenção ao suicídio, que tem aumentando a cada ano.

O que uma coisa tem a ver com a outra?

Parece que há uma censura em falar sobre nossos sentimentos. Não pode ficar triste, não pode ficar ansioso, nervoso ou com medo. FELIZ, FELIZ, FELIZ e FELIZ sempre.

Tudo isso é muito chato e ai vamos mascarando nossos sentimentos, vamos empurrando com a barriga até a hora que não dá mais, a água transborda do copo com um simples pingo e todo mundo diz o que? Nossa ninguém percebeu nada.

É ninguém quer perceber nada, ninguém quer se responsabilizar por nada, ninguém quer ouvir, acolher, estar junto. 

Eu tenho saudade de Londres sim, tenho saudade de tudo que vivi assim como tenho saudade do meu pai, todo dia tenho saudade do meu pai, da minha avó, do meu irmão, da escola que trabalhei por anos em São Caetano, dos amigos da faculdade, do ginásio. Tenho saudade e não vejo problema nenhum nisso.

Enquanto continuarmos vivendo com essa máscara querendo mostrar ao mundo que somos "perfeitos" nada fará sentido para mim, desculpa mundo, não sou obrigada.

E isso tem tido consequências seríssimas pois criamos expectativas, inclusive com as crianças, e não respeitamos nem os sentimentos delas e aí da-lhe remédio para devolver o animo, a alegria porque não pode "estar/ ficar" triste. Mas isso é assunto para outro dia.

Ontem foi um soco no estomago mesmo pois com tantas coisas boas acontecendo por aqui (Nicolas em seis meses teve só duas crises de asma e saiu das crises sem irmos ao hospital, a natação está ajudando muito, o Paulo está trabalhando desde março, eu comecei a trabalhar faz um mês e meio, etc, etc, etc) continuarei com saudades; as pessoas querendo ou não.

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Lembrei do filme Divertidamente, se alguém ainda não assistiu, por favor, assista é bem legal; fala exatamente sobre isso a importância dos sentimentos, todos eles e não somente a alegria.

E a vida segue.

(Foto de dois anos atrás no aeroporto de Londres um pouco antes de embarcarmos.)

domingo, 6 de setembro de 2015

Infância no varal coletivo

(Uma das minhas poucas fotos de pequena, acho que só tenho três fotos, e essa está bem judiada. Registro do meu aniversário de um ou dois anos, eu no colo do meu pai meio assustada, loirinha e de cabelos cacheados. Registro de uma época que festa de aniversário era algo mais simples e que o importante era estar junto.)

Quase não tenho fotos da minha infância, infelizmente, pois adoraria ter "recortes" das minha vivências.

Tenho lembranças boas do  fim da minha infância lá pelos meus seis anos as coisas começam a ficar mais claras para mim.

Lembro com alegria a emoção que era brincar na rua sem ter hora para acabar, sem ter adulto para ficar conosco e muito menos regras para seguir.

Lembro das brincadeiras simples e divertidas: casinha, escolinha, esconde-esconde, pega-pega, taco (nossa como eu corria bem brincando de taco, como eu adorava ir atrás da bolinha na rua de baixo, que era ladeira abaixo mesmo)... lembro do tanto que a gente conversava e ria, meninas e meninos todos juntos. Ah e tinha os maiores, os grandes que sempre ajudavam os menores. Em geral eles eram os irmãos ou primos dos menores.

Outro dia teve uma manhã de formação na escola que estou trabalhando (uhu estou trabalhando, contei isso lá no meu instagram e esse é um dos motivos do meu sumiço, bom motivo vai!!!) e a formação era exatamente sobre o brincar, sobre nossas memórias da infância e eu me segurei muito para não chorar. 

Na conversa sobre o brincar percebemos que as crianças não vivem mais o que nós vivemos e como elas vivem? Quais memórias da infância elas irão levar? E qual o papel da escola nisso tudo?  

Hoje a escola assume mais esse papel: propor o brincar livre e para isso é preciso que os adultos estejam disponíveis, se envolvam na brincadeira e não cedam a tentação de, sem querer, direcionar tudo para o escrever e ler. 

Após essa formação por coincidência vi no blog da Ana Paula que teria uma "Blogagem Coletiva" sobre infância e aqui estou tentando registrar um pouco da minha.

Com a formação da escola pensei demais na infância do meu filho, dos limites, do viver em um apartamento pequeno, do tempo na tv, na falta de amigos, no nosso papel como pais e de repente vi um vídeo que me deixou triste. Eita confusão de sentimentos.

Que nosso infância e de nossas crianças sejam saudáveis e felizes, com muita diversão e alegria pois é isso que eu lembro da minha e é isso que eu quero para meu filho.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

A saudade.

As vezes ela aperta bem forte no peito que chega a doer.
Tem dias que ela nem aparece.
Em outros choro sem parar, um choro sentido mas sem motivo, só choro.
Se fechar os olhos por alguns segundos posso ver e sentir tudo ao me redor. 
Que vontade louca de voltar no tempo, ter minha vida de volta.
Por outro lado estou mais calma aqui, é aqui que estou agora e tenho que estar então o coração se acalma.
As coisas estão se ajeitando e a vida a de se encarregar de manter essa paz sem a dor da saudade. 
Vai demorar?  Vai mas eu sou aguentar.








Aos poucos quero voltar a blogar.
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